Ministério Público recomendou suspender oração do "Pai Nosso" nas Escolas.
O MPE (Ministério Público
Estadual) de Campo Grande (MS) recomendou a suspensão da realização da oração
do "Pai Nosso", normalmente feita antes do início das aulas da Rede
Municipal.
A recomendação do MPE à Semed (Secretaria Municipal de Educação) proíbe
"qualquer manifestação de cunho religioso" nas salas de aula das
escolas municipais de Campo Grande, alegando "ofensa à liberdade
religiosa". O documento é de abril de 2015, elaborado pela promotora
Jaceguara Dantas da Silva, então titular da 67ª Promotoria de Justiça de
Direitos Humanos, depois de uma reclamação sigilosa sobre a situação na escola
municipal Professor Hércules Maymone.
O secretário municipal de educação à época, Wilson do Prado, se comprometeu a
comunicar todas as unidades escolares sobre a decisão, o que, segundo a
coordenadora de um CEINF (Centro de Educação Infantil) da Capital, que não quis
ser identificada, nunca aconteceu.
"Nem todas as escolas rezam o pai nosso, varia muito de acordo com a
diretora, mas tem muita professora e recreadora que faz sem nem a diretora
saber. De qualquer forma, nunca chegou pra gente nenhum e-mail ou circular,
nada de comunicado oficial", contou.
Recentemente, o assunto veio à tona de novo quando o Promotor Luciano Furtado
Loubet reiterou pedido de informações a respeito do cumprimento ou não da
recomendação, depois que um professor reclamou que as orações continuavam
acontecendo.
Loubet esclerece que a recomendação tem dois fundamentos: pela Constituição
Federal o estado é laico, ou seja, um estado que não tem religião, e o segundo
é pela liberdade de religião.
"Esse é um tema sensível, mas é de fácil resolução, se comparado a problemas
de falta estrutura escolar, de merenda, e etc. Se o pai ou a mãe faz questão
que o filho reze o pai nosso antes da aula, é só o pai rezar com o filho antes
de sair de casa. Não precisa terceirizar essa função", comentou.
A Secretária de Educação do Município, Leila Cardoso Machado, afirma que a
Semed é contra a recomendação e que levou o assunto até a 27ª Promotoria de
Infância e Juventude.
"A criança tem que ter valores, porque estamos formando cidadãos. Estamos
partindo do pressuposto que o estado é laico, ninguém é obrigado a nada, mas
têm crianças que sentem falta e pedem que seja feito", afirmou a
secretária.