Pokémon GO é demoníaco? Pastores divergem.
“Enquanto
alguns condenam, igrejas promovem eventos com o tema”.
O japonês Satoshi Tajiri
criou o universo Pokémon, termo inventado por ele para abreviar as palavras em
inglês Pocket Monsters, ou “monstros de bolso”. Lançado em 1996 como vídeo
game, foi um grande sucesso, tornando-se no ano seguinte um desenho animado de
sucesso mundial, que possui diferentes variações e é produzido até hoje. Como
todo produto de expressão, a marca foi usada numa infinidade de produtos, tendo
como público-alvo as crianças.
Segundo Tajiri, quando era pequeno adorava colecionar
insetos, procurando-os em florestas, campos e lagos. Seu passatempo favorito na
infância era colecionar novos insetos. Ao se mudar para a cidade grande na
década de 1970, passou a buscar uma maneira de oferecer às crianças uma chance
de caçar criaturas de alguma forma.
Contudo, a série animada gerou diversas polêmicas na
década de 1990, quando pastores começaram a classificar o desenho como
demoníaco. Alguns incidentes colaboraram para aumentar essa fama.
Diversos especialistas denunciavam que o desenho Pokémon fazia uso de
mensagens subliminares. No episódio 38, chamado “Porygon, o guerreiro virtual”, quando o Pikachu libera um choque
elétrico, o efeito dos raios luminosos da animação causou reações adversas em
telespectadores.
No Japão, aproximadamente 700 crianças foram levadas a
hospitais. A maioria desmaiou, outras sentiram tonturas ou náuseas. Houve casos
de ataques epilépticos e até mesmo de cegueira temporária. Como resultado, o
episódio foi banido dos outros países. Tempos depois, o
seriado foi banido na Turquia, após duas crianças pularem da
sacada de seus apartamentos em imitação aos personagens do desenho.
Agora, com o lançamento de Pokémon Go, que virou febre
mundial, muitas dessas questões voltaram a ser levantadas. O jogo está
disponível para celulares e cria uma realidade virtual, onde a câmara e a
geolocalização do aparelho simulam o que acontece nos desenhos. Enquanto você
anda pelas ruas de qualquer cidade, diferentes Pokémons vão aparecer. Ou seja,
é possível capturar um desses monstrinhos e fazer batalhas similares ao que é
visto na TV.
Alguns pastores condenam, outros aprovam.
Logo que estreou nos Estados Unidos, o pastor Rick Wiles
começou a alertar os fiéis para que ficassem atentou ao que chamou de “demônios
digitais”. Para ele, o jogo é uma ameaça e as crianças deveriam ficar longe.
Para o pregador, trata-se de um instrumento do diabo para corromper os cristãos
e destruir as igrejas.
Um dos aspectos que chama atenção é que nos EUA, muitas
igrejas aparecem no celular como ginásios. Wiles acredita que o aplicativo
“gera demônios dentro das igrejas, infestando-as com atividade demoníaca.”
Enfatiza que a tecnologia “será usada pelos inimigos da cruz para identificar,
encontrar e matar os cristãos”.
No Brasil, circulam nas redes sociais mensagem parecidas,
que trazem um “alerta espiritual”.
“Podemos perceber que as crianças têm que encontrar
coisas que não existem em realidade virtual, ou seja, espíritos criados pelo
próprio sistema do jogo. O Brasil é o país que mais some crianças e
adolescentes no mundo e esse jogo é um grande vilão em tirar as crianças de
dentro de casa para ficar procurando bichinhos. O jogo pode ser considerado um
criador de ciberdemônios ou espíritos! Eles não são vistos a olho nu, somente
com a tela do celular (paráfrase). No mínimo é bem sinistro…”, diz uma delas.
Contudo, há pastores que veem no fato de muitas igrejas
serem “ginásios” um aspecto positivo. Kenderick Vinar, que pastoreia a Grace
Church em Chapel Hill, Estados Unidos, acredita que isso deve ser usado para a
evangelização.
Citando I Coríntios 9:22 ele diz que Paulo se fez “fraco
para os fracos, para ganhar os fracos” e “tudo para todos, para por todos os
meios chegar a salvar alguns”. Portanto, para ganhar os jogadores de Pokémon as
igrejas deveriam se envolver com eles. A ideia se tornou popular e várias
igrejas americanas realizaram eventos em seus templos convidando os jogadores
para caçadas e batalhas virtuais, enquanto ofereciam lanches e aproveitavam
para pregar a Palavra.
Em Brasília, a Igreja Presbiteriana do Lago Norte, do
pastor Carlinhos Veiga, ao saber que era um pokestop, decidiu deixar um recado
para os jogadores que pararem por lá. Uma faixa
com um versículo foi
colocada no local indicado pelo jogo.
Jogo causa morte no Brasil
Enquanto o jogo se populariza no Brasil como tem sido no
mundo todo, o relato mais comum é de pessoas que tiveram seus celulares
roubados enquanto caçavam os monstrinhos. Outros incidentes chamam atenção. Em
Curitiba, dois
jovens caíram num rio e lago em
enquanto tentavam pegar as criaturas.
Há dois casos de pessoas que foram atropeladas
enquanto jogavam. Uma morreu.